segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

PRAÇA DA MATRIZ (tudo passou aqui)

Tudo se passou aqui.
Naquele tempo não havia essas árvores,
As gramas nem eram tão verdes,
E as pessoas eram mais amáveis.
Pipoqueiro só havia um,
Que chamávamos de pipoqueiro
E suas filhas de pipoqueiras.
Sorveteiro também só havia um,
Ficava ali do outro lado da rua
Bem no canto da calçada.
Comprar nem pensar, nós não tínhamos dinheiro.
Aquele coreto ali era Ágora de Atenas.
Mais o assunto predileto eram as meninas,
Principalmente as internas que passeavam com as freiras,
Sempre ao anoitecer.
Tudo se passou aqui,
Os jogos do time do coração,
Ouvia-se no radio de pilha dos colegas abonados.
Aqui conquistei amores,
Perdi amores,
Dos amigos que tocávamos violão,
Sentados ao pé do chafariz, cada um tomou seu rumo,
Dormíamos depois da meia noite,
Até chegar a hora de comprar pão quente,
Na única padaria da cidade.
Alguns partiram e não voltaram,
Outros foram, voltaram e não foram mais.
Um deles Deus levou,
Acho que o céu ganhou e nós perdemos.
Tudo passava por aqui, sem muita pressa.
Sentar aqui e recordar é especial,
As pessoas mudaram, mas, velha praça continua a mesma.
As passarelas rachadas pelo tempo,
Ainda formam o mesmo desenho.
A Matriz imponente continua como antes,
E meu coração como Flesch Black.

Nenhum comentário: